quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Estresse na infância - choro excessivo e cortisol


Estresse na infância - choro excessivo e cortisol

O que causa estresse na infância? Pesquisas de laboratório e psicológicas em bebês animais e humanos mostram que dor, reações de sensibilidade a leites artificiais ou alimentos que passam pelo leite materno, abuso físico e negligência extrema e outros causam estresse.

A separação a curto prazo da mãe ocasiona níveis elevados de cortisol em bebês, indicando estresse.1,2 Na verdade, após um dia inteiro de separação, bebês ratos já mostram alteração da organização química de receptores cerebrais.3 Um estudo similar em ratos revelou que uma dia de separação da mãe duplicou o número de mortes celulares no cérebro.4

Estudos em animais demonstraram que isolamento da mãe, pouco estímulo tático e recusa ou demora em amamentar quando o bebê o pede pode ter consequências bioquímicas permanentes no cérebro. A correlação dessas pesquisas com pesquisas comportamentais em humanos sugere quais eventos que levam ao estresse crônico com consequencias permanentes:
• Permitindo que o bebê chore sem consolo, atenção ou afeição dos pais
• Não amamentando quando o bebê está com fome
• Não oferecendo conforto quando o bebê está perturbado, estressado, angustiado
• Limitando o contato corporal durante mamadas, durante o dia, e durante situações estressantes à noite
• Baixos níveis de atenção, estimulação, conversação e brincadeiras
Quando os fatos acima ocorrem regularmente, pode-se ter liberação precoce crônica de altos níveis de estresse, bem como baixa expressão de hormônios favoráveis.

Todas as práticas que tem sido promovidas durante o século passado na forma de amamentação com horários rígidos, “não mal acostume essa criança”, desmames precoces por uso de mamadeira no início de vida do bebê, e separação física do bebê durante o dia e noite.

Enquanto é evidente que a constituição genética e experiências de vida influenciam o comportamento, tem sido demonstrado que experiências na primeira infância tem os efeitos mais fortes e persistentes na regulação de hormônios, respostas ao estresse e comportamento no adulto.5 Pesquisas mostram que altos níveis de contato físico precoce e resposta maternal constante ao bebê pode até diminuir a predisposição genética para reações extremas ao estresse.6

A pesquisadora de Biologia e Psicologia Megan Gunnar e colaboradores fizeram estudos em bebês que confirmaram os resultados dos estudos em animais. Em seu trabalho, bebês de 4 meses que receberam cuidado sendo regularmente atendidos quando choravam produziram menos cortisol. Também, bebês de 18 meses classificados como tendo apego inseguro (que tinham recebido menor nível de resposta dos cuidadores) revelaram altos níveis de hormônios de estresse.7

Essas mesmas crianças continuaram a mostrar níveis elevados de cortisol com 2 anos e pareciam mais medrosas e tímidas. Novamente, essas crianças são as que foram classificadas como tendo baixos níveis de resposta dos cuidadores.8 Outras investigações confirmaram esses achados.9 Dr. Gunnar reporta que os níves de estresse experimentado na primeira infância moldam permanentemente as respostas ao estresse no cérebro, que então afetam memória, atenção e emoção.10

Cortisol e Estresse

O eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenocortical), a ponte entre orgãos específicos do cérebro e glândulas adrenais, é o regulador chefe de reações de estresse. Enquanto vários hormônios desencadeiam reações de estresse diretamente, frequentemente em conjunção com outros e com alguns desempenhando mais de um papel, o cortisol é provavelmente o mais típico dos hormônios de estresse, o mais estudado. Durante estresse, hormônios são liberados sob controle do eixo HPA para ajudar o corpo a suportá-lo. O cortisol pode elevar a pressão arterial e cardíaca, o açúcar no sangue, e interromper funções digestivas e renais.

As respostas à noradrenalina e ao cortisol são conectadas. Ambos são liberados em reação a excitação, exercícios e estresse, ambos causam aumento do pulso cardiaco, açúcar no sangue e atividade cerebral. Discute-se como aumentos de noradrenalina durante o carinho e brincadeiras podem promover aprendizado em bebês (você talvez se lembre como de vez em quando aprendeu melhor sob estresse e excitação do último minuto de estudo), como também apego (desde que apego também acontece em crianças e adultos quando estão compartilhando atividades excitantes). Entretanto, exposição crônica a estresse "negativo" causa eleveções crônicas de cortisol, ao invés de aumentos que teriam efeitos positivos.

O aumento crônico de cortisol em bebês e os ajustes hormonais e funcionais que ocorrem ao mesmo tempo foram associados com mudanças cerebrais permanentes que levam a respostas elevadas ao estresse durante a vida toda, como pressão arterial e cardíaca alta.11 Essa resposta de aumento começa bem cedo na vida. Até bebês que são regularmente exposto a estresse já demonstram maiores níveis de liberação de cortisol e elevações mais constantes de cortisol em resposta a situações estressantes.12

Elevações ocasionais de cortisol durante o dia podem ser benéficas, mas um nível alto continuo de hormônio de estresse na infância que vem de um ambiente estressante são associados com efeitos negativos permanentes no desenvolvimento cerebral.

Algumas teorias evolucionárias vão além e sugerem que respostas elevadas ao estresse aparententemente levam a comportamentos agressivos e puberdade precoce, que serviriam para um propósito de ajuda a sobrevivência do indivíduo durante tempos duros como guerras.

Estudos mostram que bebês que recebem contato físico frequente tem menores níveis de cortisol,13 enquanto estudos psicológicos de apego revelam maiores níveis em crianças inseguras, desapegadas.14,15 Mulheres que amamentam também produzem menos hormônio do estresse do que mulheres que alimentam seus filhos com mamadeira.16

Resultados do Estresse no bebê

Se não tiver contato regular com o cuidador, o bebê não somente sofre de elevados níveis de hormônios do estresse, mas também recebe menos benefícios de ocitocina e outras influências bioquímicas positivas. O ambiente bioquímico imposto no cérebro de um bebê durante os estágios críticos de desenvolvimento afetam a anatomia e funcionamento do cérebro permanentemente.17 Um ambiente bioquímico ‘pobre’ resulta em habilidades emocionais, comportamentais e intelectuais menos desejáveis para o resto da vida da criança.

Como descrito, um cérebro desenvolvido num ambiente estressante reage exageradamente aos eventos e não controla bem os hormônios do estresse durante a vida, tendo níveis de cortisol e outros hormônios de estresse regularmente elevados. Quando adultos poderão demonstrar comportamento associados com alto risco de infarte e diabetes. Um estudo psiquiatrico mostrou que algumas consequências de má saúde em adultos que receberam maternagem restritiva durante infância– alta pressão arterial e altos níveis de cortisol – lembram bem os de adultos que perderam um pai ou mãe, ou filho.18 Os efeitos, entretanto, vão muito além da pressão arterial e habilidade de lidar com estresse.

O hipocampo, uma estrutura importante para o aprendizado e memória, é o local no cérebro onde desenvolvimento é afetado por estresse e níveis de hormônios do apego.

O nível de hormônios de estresse circulando num bebê afeta o número e tipos de receptores no hipocampo.19 Foi demonstrado que neurônios no hipocampo são destruídos como resultado de estresse crônico e níveis elevados de hormônio do estresse, produzindo déficits intelectuais como consequencia.20 Déficits de memória e aprendizado espacial foram demonstrados em ratos que sofreram de estresse prolongado na infância.21 Do mesmo modo, crianças com os menores níveis de habilidades mentais e motoras foram as que tiveram maiores níveis de cortisol no sangue.22

O desenvolvimento prematuro da puberdade também foi associado com maiores níveis de cortisol e outros indicadores de estresse.23 Esse estudo também mostrou que essas crianças tem mais depressão, mais problemas de comportamento, e menores indices de inteligência. Novamente, os estudos laboratoriais confirmam completamente os estudos de psicologia do apego. Além disso, puberdade precoce aumento o risco de desenvolver câncer.

Em indivíduos que sofrem de desordem de ansiedade, anorexia nervosa e depressão, a produção de cortisol é consistentemente muito alta.24 Secreção demasiada de hormônios do estresse também foram recentemente implicados em obesidade, doença de Alzheimer,25 e sintomas de velhice acelerada. 26 Estudos em animais demontraram sistema imune dos bebês funcionando pior em bebês sujeitos ao estresse de separação prolongada da mãe,27,28 o que coincide com aumento na incidência de doenças mostrados em crianças com menos apego.

Começos

Muita coisa já foi escrita sobre os primeiros momentos após o nascimento do bebê.

O bebê (se não está totalmente intoxicado por drogas usadas no trabalho de parto), recebeu hormônios durante o processo de parto e está super alerto por um curto período de tempo. Durantes esse tempo o ‘imprinting’ inicial acontece. Já familiar com as vozes dos pais, o bebê, que pode distinguir rostos de outros objetos e partes do corpo, olha bastante intensamente para os olhos dos pais, como se registrasse essas imagens para a vida. Ele reconhece o cheiro do liquido amniótico, que é principalmente o seu próprio, mas também de sua mãe. Essa programação importante no início de vida também guia sua boca a procurer e achar método físico de nutrição maternal, então ele é imediatamente atraído para o odor específico dos vasos de amamentação que agora substituem o cordão umbilical.

O recém nascido, que mal consegue manter sua temperatura corporal, encontra conforto e regulação da temperatura ideal em contato com o corpo morno de sua mãe. Conhecendo somente o ambiente seguro do útero de sua mãe, ele se sente confortável contra o corpo morno ou nos braços, e ele chorará alto, desconfortável e ansioso, se deixado em superfície lisa ou fria.

Com essa primeira experimentação de colostro com nutrição concentrada e rico em agentes de imunidade, e ouvindo sons familiares do corpo da mãe (coração batendo e outros), logo cairá no sono- até suas batidas do coração e respiração são regulados pelos ritmos dos de sua mãe. Quando dorme, sua respiração e primeiras mamadas ajudam a estabelecer um flora intestinal saudável, providenciando defesa contra micróbios ao redor.

Embora nem todo bebê tenha iniciado a vida dessa maneira, essa é a primeira chance para apego e a primeira escolha feita que tem a ver com sua saúde. Há uma longa vida à frente para pais e o bebê, e há muitas direções que podem ser tomadas. Enquanto a criança nasce com potencial específico, pela natureza, o estilo de maternagem que recebe (a criação), irá influenciar bastante a possibilidade dessas habilidades naturais virem a serem desenvolvidas, muito para benefício ou perda da criança, família e sociedade.

O apego é importante
Pesquisas sobre os fatores bioquímicos influenciados por métodos de cuidados bebês demonstram que ao cuidar dos filhos respondendo sempre às suas necessidades emocionais o corpo produz substâncias que ajudam a gerar pais amorosos, efetivos e duráveis para o bebê, e bebês que são fortemente apegados aos pais. Conforme o tempo essas ligações amadurecem em amor e respeito.

Sem dúvida essa química organiza permanentemente o cérebro do bebê para comportamentos positivos e desenvolvimento de apegos fortes e duradouros. Entretanto, a maior lição desses estudos é que, enquanto a natureza tem um plano muito bom, a falha ao segui-lo pode guiar em resultados indesejáveis. Em outras palavras, quando os pais instintivamente curtem uma proximidade com seus bebês, amamentando-os em livre demanda, respondendo rapidamente seu choro, seus desejos e necessidades (que são os mesmos num bebê), a natureza se designa a desenvolver adutlos sensíveis e responsáveis.

Não dar atenção ao bebê faz com que mensageiros químicos vitais diminuam rapidamente, e como resultado ligações fracas são formadas e a maternagem se torna mais árdua. Ao mesmo tempo, o bebê manifesta os efeitos do estresse. Ainda mais, reações de estresse e outros comportamentos na criança e adulto que se tornará são permanentemente alterados de maneiras infelizes. Aspectos do intelecto e saúde podem sofrer também.

O sistema hormonal humano inato que recompensa por contato social e físico consistente, próximo e amoroso entre pai e bebê, e as consequências incríveis desse contato íntimo, aliado as pesquisas psicológicas sobre apego, nos dão evidências fortíssimas de que o plano intencionado pela natureza de cuidados com o bebê são de contato contínuo e íntimo.

Uma vez ouvi um pediatra criticar uma mãe sobre o jeito que seu filho pequeno se abraçou nela e pediu-lhe que ficasse em seu colo quando tirava sangue dele: ”Tudo começa no primeiro dia quando você o pega no colo quando ele chora.", disse ele.

Minha única resposta a isso é, "Sim, começa."

Por Linda F. Palmer, D.C.
http://www.babyreference.com/Estresseinfancy.htm
Tradução: Andréia K. Mortesen

Notas de rodapé:
1. M.L. Laudenslager et al., "Total cortisol, free cortisol, and growth hormone associated with brief social separation experiences in young macaques," Dev Psychobiol 28, no. 4 (May 1995): 199–211.
2. P. Rosenfeld et al., "Maternal regulation of the adrenocortical response in preweanling rats," Physiol Behav 50, no. 4 (Oct 1991): 661–71.
3. H.J. van Oers et al., "Maternal deprivation effect on the bebê’s neural estresse markers is reversed by tactile stimulation and feeding but not by suppressing corticosterone," J Neurosci 18, no. 23 (Dec 1, 1998): 10171–9.
4. M.A. Smith of Dupont Merck Research Labs as reported by JohnTravis of Science News 152 (Nov 8, 1997): 298.
5. E.R. de Kloet et al., "Brain–corticosteroid hormone dialogue: slow and persistent," Cell Mol Neurobiol (Netherlands) 16, no. 3 (Jun 1996): 345–56.
6. H. Anisman et al., "Do early-life events permanently alter behavioral and hormonal responses to estresseors?" Int J Dev Neurosci 16, no. 3–4 (Jun–Jul 1998): 149–64.
7. M. Nachmias et al., "Behavioral inhibition and estresse reactivity: the moderating role of attachment security," Child Dev 67, no. 2 (Apr 1996): 508–22.
8. M.R. Gunnar et al., "Estresse reactivity and attachment security," Dev Psychobiol 29, no. 3 (Apr 1996): 191–204.
9. G. Spangler and K.E. Grossmann, "Biobehavioral organization in securely and insecurely attached bebês," Child Dev 64, no. 5 (Oct 1993): 1439–50.
10. M.R. Gunnar, "Quality of care and buffering of neuroendocrine estresse reactions: potential effects on the developing human brain," Prev Med 27, no. 2 (Mar–Apr 1998): 208–11.
11. M.S. Oitzl et al., "Continuous blockade of brain glucocorticoid receptors facilitates spatial learning and memory in rats," Eur J Neurosci (Netherlands) 10, no. 12 (Dec 1998): 3759–66.
12. E.E. Gilles et al., "Abnormal corticosterone regulation in an immature rat model of continuous chronic estresse," Pediatr Neurol 15, no. 2 (Sep 1996): 114–9.
13. D. Liu et al., "Maternal care, hippocampal glucocorticoid receptors, and hypothalamic–pituitary–adrenal responses to estresse," Science (Canada) 277, no. 5332 (Sep 1997): 1659–62.
14. K. Lyons-Ruth, "Attachment relationships among children with aggressive behavior problems: the role of disorganized early attachment patterns," J Consult Clin Psychol 64, no. 1 (Feb 1996): 64–73.
15. L. Hertsgaard et al., "Adrenocortical responses to the strange situation in bebês with disorganized/disoriented attachment relationships," Child Dev 66, no. 4 (Aug 1995): 1100–6.
16. M. Altemus et al., "Suppression of hypothalamic–pituitary–adrenal axis responses to estresse in lactating women," J Clin Endocrinol Metab 80, no. 10 (Oct 1995): 2965–9.
17. C. Caldji et al., "Maternal care during infancy regulates the development of neural systems mediating the expression of fearfulness in the rat," Proc Natl Acad Sci (Canada) 95, no. 9 (Apr 1998): 5335–40.
18. L.J. Luecken, "Childhood attachment and loss experiences affect adult cardiovascular and cortisol function," Psychosom Med 60, no. 6 (Nov–Dec 1998): 765–72.
19. D.M. Vazquez et al., "Regulation of glucocorticoid and mineralcorticoid receptor mRNAs in the hippocampus of the maternal deprived bebê rat," Brain Res 731, no. 1–2 (Aug 1996): 79–90.
20. J. Raber, "Detrimental effects of chronic hypothalamic–pituitary–adrenal axis activation. From obesity to memory deficits," Mol Neurobiol 18, no. 1 (Aug 1998): 1–22.
21. H.J. Krugers et al., "Exposure to chronic psychosocial estresse and corticosterone in the rat: effects on spatial discrimination learning and hippocampal protein kinase Cgamma immunoreactivity," Hippocampus (Netherlands) 7, no. 4 (1997): 427–36.
22. M. Carlson and F. Earls, "Psychological and neuroendocrinological sequelae of early social deprivation in institutionalized children in Romania," Ann N Y Acad Sci 807 (Jan 15, 1997): 419–28.
24. E. Redei et al., "Corticotropin release-inhibiting factor is preprothyrotropin-releasing hormone-(178-199)," Endocrinology 136, no. 8 (Aug 1995): 3557–63.
25. J. Raber, "Detrimental effects of chronic hypothalamic–pituitary–adrenal axis activation. From obesity to memory deficits," Mol Neurobiol 18, no. 1 (Aug 1998): 1–22.
26. M. Deuschle et al., "Effects of major depression, aging and gender upon calculated diurnal free plasma cortisol concentrations: a reevaluation study," (Germany) Estresse 2, no. 4 (Jan 1999): 281–87.
27. C.L. Coe and C.M. Erickson, "Estresse decreases lymphocyte cytolytic activity in the young monkey even after blockade of steroid and opiate hormone receptors," Dev Psychobiol 30, no. 1 (Jan 1997): 1–10.
28. G.R. Lubach et al., "Effects of early rearing environment on immune responses of bebê rhesus monkeys," Brain Behav Immun 9, no. 1 (Mar 1995): 31–46.

Estresse na infância - choro excessivo e cortisol:
https://www.facebook.com/notes/solu%C3%A7%C3%B5es-para-noites-sem-choro/estresse-na-inf%C3%A2ncia-choro-excessivo-e-cortisol/283369621687454

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