Em repúdio a posição do CREMERJ as mulheres do Brasil estão organizando uma marcha do parto em casa em apoio ao médico obstetra Jorge Kuhn, que após uma declaração ao Fantástico está sendo alvo de criticas e organizações que querem caçar seu CRM. Leia essa noticia aqui no blog. Essa marcha acontecerá no dia 17 de Junho em todo o Brasil, e em São Paulo, será às 14h, com concentração no Parque Mário Covas na Av. Paulista.
Maiores informações sobre outros locais visitem a página da marcha no facebook- https://www.facebook.com/MarchaDoPartoEmCasa
Aqui vai a nota de repúdio da Ana Cristina Duarte, a obstetriz que estava no parto da Sabrina e na matéria do Fantástico:
NOTA DE REPÚDIO AO CREMERJ
O CREMERJ – Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, decidiu denunciar no conselho de São Paulo um médico paulistano por defender o direito das mulheres darem à luz onde quiserem. Não bastasse o ridículo da situação, de denunciar um médico por defender suas ideias, a questão em si é uma afronta a qualquer mulher, independente de suas escolhas.
O Conselho de Medicina não pode gerir a decisão das mulheres, por qualquer meio que seja. Ao perseguir um defensor dos direitos das mulheres, o CRM tenta tolher a nossa liberdade. O CRM não está preocupado com o médico, mas sim com o que as mulheres possam fazer com seus próprios corpos. Curiosamente o mesmo Conselho não emite uma única linha de repúdio às crescentes taxas de cesariana praticadas sem necessidade e muitas vezes sob falsidade de diagnóstico.
Todos os dias, no Rio de Janeiro, para cara mulher que tem um parto domiciliar planejado, cerca de quinhentas outras estão passando por cesarianas desnecessárias e pré-agendadas, com riscos elevados para mães e bebês, por total conveniência dos médicos representados por esse mesmo conselho. Outras quinhentas estão passando por partos altamente medicalizados, dolorosos, violentos, isoladas, sem direito a acompanhante. O CREMERJ não emite uma única linha de condenação pública a essas práticas abjetas, enquanto se dá ao trabalho de atravessar 500 km para perseguir o médico que diz que as mulheres têm o direito de escolher o local do parto.
O mesmo Conselho perseguiu e cassou o título de um médico local que defendia as Casas de Parto. A pena de cassação foi substituída no Conselho Federal por uma censura pública, mas a postura do Conselho é clara: quem manda nas mulheres somos nós, e o médico que tentar advogar o contrário, será perseguido dentro e fora do estado.
O mesmo Conselho perseguiu e cassou o título de um médico local que defendia as Casas de Parto. A pena de cassação foi substituída no Conselho Federal por uma censura pública, mas a postura do Conselho é clara: quem manda nas mulheres somos nós, e o médico que tentar advogar o contrário, será perseguido dentro e fora do estado.
Não estamos mais falando do médico do Rio de Janeiro ou do médico de São Paulo. Agora estamos falando das mulheres, de nossos direitos, dos nossos corpos e de quem toma as decisões. O parto é uma decisão das mulheres! Não nos empurrem suas cesarianas convenientes. Não tentem definir onde e como usamos o nosso corpo.
Que o CREMERJ venha a se preocupar com as mentiras que são ditas entre quatro paredes nos consultórios médicos, para convencer as mulheres a serem operadas. Que o CREMERJ venha a se preocupar com as mortes e doenças maternas e neonatais que ocorrem todos os anos graças a essa epidemia imoral de partos violentos, episiotomias mutiladoras e cesarianas desnecessárias e mentirosas.
Que o CREMERJ venha a se preocupar com as mentiras que são ditas entre quatro paredes nos consultórios médicos, para convencer as mulheres a serem operadas. Que o CREMERJ venha a se preocupar com as mortes e doenças maternas e neonatais que ocorrem todos os anos graças a essa epidemia imoral de partos violentos, episiotomias mutiladoras e cesarianas desnecessárias e mentirosas.
Do meu corpo, cuido eu. Não pedi o seu Conselho.
Ana Cristina Duarte, obstetriz, mãe, cortada por cima e por baixo, sem necessidade