quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Está limpo, mamou. Por quê chora?


Está limpo, mamou. Por quê chora?

De Simone De Carvalho · Última edição há 18 minutos · Edit Doc
Extraído do livro Bésame Mucho, do Dr. Carlos González. Seu bebê é desinteressado

Laura, de três meses, chora desconsolada. Mamou, tem a fralda limpa, não tem frio nem calor, não foi espetada por nenhum alfinete. Sua mãe a pega no colo, diz umas palavras carinhosas e no mesmo instante Laura se acalma. A mãe volta a pô-la no berço e no mesmo instante Laura volta a chorar. 

- Não tem fome, não tem sede, não tem nada - dizem as más línguas. Que diabos quer agora?

Quer a sua mãe. Quer você. Não te quer pela comida, nem pela roupa, nem pelo calor, nem pelos brinquedos que ganhará no futuro, nem pelo colégio particular que você a levará, nem pelo dinheiro que você deixará de herança. O amor de um bebê é puro, absoluto, desinteressado.

Freud acreditava que os bebês amam sua mãe porque dela obtém alimento. É a chamada teoria do impulso secundário (a mãe é secundária e o leite é o primário). Bowlby, com sua teoria do apego, sustenta todo o contrário, que a necessidade da mãe é independente da necessidade de alimento e provavelmente maior.

Por quê você não desfruta, como mãe, dessa maravilhosa sensação de receber um amor absoluto? Você se sentiria melhor se seu bebê só a chamasse quando tivesse fome, sede ou frio e a ignorasse totalmente quando estivesse satisfeito? Ninguém negaria comida a um bebê que chorasse de fome, ninguém deixaria de agasalhar a um bebê que chora de frio. Você vai deixar de pegar um bebê que chora porque precisa de carinho?

Quando dormirá a noite toda?
Ultimamente estão muito na moda diversos métodos de ensinar bebês a dormir. Isso é um disparate; todos os bebês sabem dormir. Os fetos já dormem antes de nascer, e os recém nascidos passam mais (alguns, muito mais) de quinze horas por dia dormindo. Um bebê que não dorme morreria em poucos dias, o mesmo com um adulto.

Na verdade, o que os bebês aprendem com o tempo não é a dormir, mas a ficarem acordados. Tem que passar das quinze a vinte horas do recém nascido para as sete ou oito do adulto, sendo evidente que dormirão cada vez menos. Mas não é um aprendizado propriamente dito (ou seja, algo que tenha que ensinar), e sim um processo de amadurecimento, o mesmo que o sentar ou caminhar: todas as crianças o farão quando chegar o momento, sem que seus pais façam nada de especial (apenas o de sempre: dar amor e atenção), e nenhuma estimulação intensiva ou precoce pode conseguir que o façam antes ou melhor.

Um dos marcos desse processo de amadurecimento ocorre por volta dos 4 meses, quando os bebês começam a acordar com freqüência a noite. Muitas mães se surpreendem, se preocupam e até se assustam, pois lhes foi dito que o bebê dormiria cada vez mais (ainda mais? Entrariam em coma!). Mas você já está avisada: aos dois ou três meses pode ser que seu filho durma seis horas seguidas, ou até mesmo oito; mas por volta dos quatro meses ou cinco meses provavelmente começará a despertar várias vezes a cada noite, mais ou menos a cada uma hora e meia ou duas. Lembre-se que é um processo normal de amadurecimento. Não faz falta que lhe ensine, que tente despertá-lo a cada duas horas, ele já fará isso. (Há alguns bebês que não despertam, dormindo de uma estirada só. Se por acaso seu filho é um desses, não se preocupe, também é normal.) A partir daí entramos em território desconhecido; temos muito poucos dados sobre a evolução natural do sono dos bebês. Certo é que é muito variável, e cada bebê é diferente. Por volta dos dois anos, os bebês despertam menos e a partir dos três, dormem de uma estirada só (pelo menos, a maioria daqueles bebês que não sofreram experiências traumáticas, porque ninguém os deixou sozinhos contra sua vontade). Por volta dos três anos, muitas crianças que dormiam com seus pais, aceitam dormir em outro quarto, sempre e quando têm companhia para a hora de dormir. Por volta dos sete aos, muitos são capazes de dormir sozinhos (quer dizer, dê um beijinho, dê adeus e deitam em sua cama sem chorar, sem protestar, sem chamar...)

Seguidores