segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Síndrome do Alcoolismo Fetal


Síndrome do Alcoolismo Fetal
A tragédia que pode ser evitada
George Steinmetz
Quando Malcolm nasceu, meu coração se partiu”, ela disse.
“E a culpa, meu Deus, o sentimento de culpa...
Quando descobriu que estava grávida, Ellen O’Donovan estava perdendo a luta contra o alcoolismo. Meses mais tarde, seu filho nascia com a síndrome do alcoolismo fetal.

Encontrei-os em Dublin, durante minha missão fotográfica. Ela e seu filho Malcolm, de 3 anos, vivem numa pequena cidade na costa da Irlanda. Tinham viajado de ônibus durante 6 horas para consultar o médico, um especialista que trata da visão muito deficiente de Malcolm — uma das inúmeras deficiências relacionadas ao álcool.

criança co SAFA síndrome do alcoolismo fetal, SAF, termo usado para descrever o dano sofrido por alguns fetos quando a mãe bebe durante a gravidez, foi identificada pela primeira vez por volta de 1970. Dependendo da fase da gravidez e da quantidade ingerida, o álcool na corrente sangüínea materna pode ter efeito tóxico sobre o feto em formação. O defeito varia de leve a grave, causando gestos desajeitados, problemas de comportamento, falta de crescimento, rosto desfigurado, retardo mental.

O médico havia dito a Ellen que um jornalista americano queria fotografá-la com o filho. Ela concordou, na esperança de que outras mulheres aprendessem com o trágico erro que cometera. Entretanto, quando comecei a preparar a máquina, hesitou. Respirou profundamente e começou a falar.

Naquela época, eu tomava uma garrafa de vodka por dia. Estava tão fora da realidade que nem sabia que estava grávida de dois meses. Assim que descobri, parei de beber, mas o dano já estava feito”.

Os O’Donovan não estão sozinhos. A cada ano, nascem milhares de bebês com defeitos relacionados ao álcool e a síndrome do alcoolismo fetal é uma das principais causas desconhecidas de retardo mental.

Malcolm nasceu com tamanho abaixo do normal, seus rins e o estômago não funcionam bem. Teve que ser alimentado por sonda até os 14 meses. Sua cabeça é menor do que o normal, ele apresenta anomalias faciais típicas da criança que sofre de SAF: olhos pequenos e afastados, lábio superior fino, nariz pequeno e arrebitado, queixo retraído. Nasceu com defeito nas córneas e pálpebras caídas. Mais tarde, por meio de uma cirurgia, obteve visão limitada no olho direito.

A síndrome do alcoolismo fetal é irreversível e Ellen está dedicando sua vida a cuidar do filho. “Felizmente, ele não parece retardado”, diz ela. “Está até começando a falar um pouco. Todos os dias, trabalho com ele, ajudando-o a aprender a fazer aquilo que as crianças normais fazem”.

Fiquei comovido ao ver como ela o abraçava e o confortava quando ele começava a chorar. Ela confessou-me, emocionada. “Se este garotinho não tivesse nascido, eu teria morrido de tanto beber.” Há 3 anos e meio ela não bebe uma gota sequer.

Mas não vai ser fácil. Desempregada e vivendo com a mãe, Ellen planeja todos os seus dias em torno de Malcolm e das freqüentes vindas a Dublin para consultar vários médicos. Ofereci-me para pagar o ônibus, mas ela recusou: “Só diga às mulheres por aí, se querem ter filhos, fiquem longe da bebida”. Deu um beijo no filho e partiram.

Eu os vi em todos os países que visitei — alguns com o corpinho retorcido, outros com o rosto tragicamente desfigurado. Alguns estavam agitados, enquanto outros pareciam normais. Cada encontro me deixava abalado, pois pouca coisa nesse mundo é tão triste quanto uma criança que sofre os efeitos da síndrome do alcoolismo fetal.

Ann Streissguth, da Universidade de Washington, especialista no comportamento relacionado à síndrome, lamenta: “É tão triste ver que muitas crianças passam pela vida sem que seus males sejam detectados. É preciso ter muita experiência para reconhecer a síndrome, mesmo nos gravemente retardados. Muitas vezes, julgam mal a criança com retardo leve, pois costuma ser extrovertida e faladora. Ninguém imagina que seu sistema nervoso esteja afetado”. À medida que a criança cresce, esses aspectos positivos são freqüentemente abalados por problemas relacionados ao álcool — memória fraca, falta de concentração, raciocínio fraco e incapacidade de aprender com a experiência. Frustradas, algumas vítimas abandonam a escola ou terminam como marginais.

O efeito da síndrome do alcoolismo fetal aparece de modo diferente em cada criança. Na Rússia, encontrei um adolescente que tentava constantemente atingir seus amigos com uma tesoura. Na Suécia, conheci uma garotinha tão doce e tão linda que pensei estar fotografando um anjo.

Pouco se conhece sobre a quantidade de álcool que causa a síndrome. A genética também pode ser um fator. Mesmo no caso de gêmeos, um pode ter sintomas graves enquanto o outro quase não é afetado. Nem todas as mães que bebem têm um bebê com a síndrome. Alguns médicos acham que qualquer quantidade de álcool é um risco para o bebê e quase todos concordam que uma bebedeira é muito perigosa — principalmente durante os primeiros três meses, quando há poucos sinais de gravidez. Como Ellen lamentou, “eu nem sabia que estava grávida. Esta é a tragédia”.
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Fonte: Newsweek, 26.11.90; The Lancet, 12.01.91; The Economist, 23.02.91

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Expectativas sobre bebês - parte 1


Enquanto minha filha cresce, eu presto mais atenção nas expectativas que colocamos sobre os bebês nos dias de hoje. Desde a expectativa razoável de que irão andar (algum dia), até a mais absurda de que seu bebê deveria dormir a noite toda (e outras milhares entre essas), parece que estamos botando muito peso nos ombros dos bebês ultimamente. E não estou convencida de que isso seja para o bem deles. Eu gostaria de falar sobre essas expectativas – quais são, por que as temos, e se fazem algum mal – com a esperança de que alguns pais poderão deixar de lado essas expectativas e simplesmente desfrutar a caminhada pela qual o bebê os estão conduzindo. Ou pelo menos decidir quais delas são razoáveis e quais podem estar causando à família mais estresse e angústia que o necessário. Afinal, ser pai já é uma tarefa que exige bastante dos pais sem ter que criar expectativas irracionais sobre as crianças, expectativas estas às quais a criança não pode corresponder sem passar por dor e sofrimento para todos.

Expectativas físicas

Essas são provavelmente as primeiras expectativas a emergir porque podemos incluir aqui o número de vezes em que seu recém-nascido deveria fazer xixi, cocô, quantas horas deveria dormir, etc. Vou deixar o sono em uma categoria à parte, (na qual irei chegar em seguida), mas vamos olhar primeiro as expectativas físicas do tipo "grudento", pois eu não me lembro de conhecer um pai que não tenha começado a contar as vezes em que o bebê faz xixi ou cocô desde o primeiro dia de vida.

Começando nas turmas de pré-natal, você recebe a informação de que seu recém-nascido deve fazer xixi entre 5 a 6 vezes, e cocô pelo menos 1 vez por dia. Então é isso que esperamos que nossos recém-nascidos façam. Deus ajude os pais dos bebês que fazem xixi apenas 4 vezes ao dia, ou passam um dia inteiro sem fazer cocô. Nossa expectativa de que existe esse número fixo que é o correto é tão forte a ponto de existirem fóruns para esses pais – eles podem ficar online, entrar em pânico enquanto escrevem suas perguntas, e então receber muitas respostas sobre como isso é PROVAVELMENTE normal, mas que talvez queiram ligar para o pediatra, só por via das dúvidas.

Eles podem até perder o sono por causa disso, acordar o bebê mais frequentemente para mamar mais por causa do medo de que isso seja devido ao fato de não estar recebendo leite suficiente, ou então ficarem estressados o tempo todo até que o bebê comece a seguir o padrão "esperado".

Conforme nossos bebês ficam mais velhos, começamos a aumentar essa lista. Estão engatinhando? Batendo palmas? Arrastando-se? Andando? Pegando pequenos objetos com o movimento de pinça? Nós agimos como se esses marcos de desenvolvimento devessem ser atingidos até uma certo estágio, ou o mundo irá acabar. Se você admitir que seu filho não atingiu um deles, você corre o risco de receber aquele olhar – você sabe qual – que diz "Você deveria começar a pensar que seu filho é um pouco lento".

Então o estresse continua, e os fóruns online transbordam com mais palavras de conforto, mas que sempre trazem um conselho sombrio escondido de que seria bom consultar o pediatra a respeito. Eu posso perguntar o que um médico vai poder fazer a respeito disso? Eu gostaria de conhecer um médico que fosse capaz de fazer um bebê imediatamente engatinhar, bater palmas, deambular, andar, ou pegar objetos pequenos. Claro que eles podem checar problemas físicos, mas vamos encarar a verdade, se existir um problema físico, ele provavelmente irá se manifestar de várias formas, e não apenas no fato do seu bebê não estar engatinhando aos 7 meses.

Essas expectativas se tornaram tão ruins que eu cheguei a conhecer pais cujos bebês de 13-14 meses de idade ainda não estavam andando, e chegavam a pedir desculpas por causa disso. Eles começavam suas frases com "Me desculpe, mas..." Eu deveria começar a me desculpar com outros pais porque minha filha tem apenas 6 dentes? Isso não é o suficiente?

Eu acho que os pais precisam relaxar um pouco mais. Vamos começar com engatinhar porque é uma das primeiras expectativas com as quais os pais começam a realmente se preocupar. Todos os livros nos dizem que por volta dos seis meses de idade (ou um pouco depois) o seu bebê deveria começar a engatinhar. Mas isso ignora algumas mudanças muito reais que aconteceram ultimamente e não foram levadas em conta. Pesquisas recentes mostraram que estamos agora estamos atrasados alguns meses em relação a essas idades medianas.[1].

Por que a mudança? No esforço maravilhoso para diminuir os casos de morte súbita dos bebês (SIDS), estamos colocando nossos bebês para dormir de costas, então eles não estão se acostumando com os movimentos de se empurrarem para cima e de rolar. Nenhum dos padrões na literatura sequer se preocupou em atualizar esses dados, levando pais à paranóia pelo mundo afora. Mas existe mais, pois dentre os bebês um grupo de 5% nunca chegava a engatinhar, e começava logo a ficar de pé e andar, mas esse número parece estar crescendo também, como resultado da campanha de dormir de costas (e outros tantos encontram outras formas de se movimentar, como ir se arrastando de bumbum no chão ao invés de engatinhar). Além disso, algumas pessoas sugerem que a idade em que o bebê começa a engatinhar e andar, é inversamente proporcional ao peso dele.

Apesar de não haverem estudos sobre esse assunto (que eu tenha encontrado), isso faz sentido. Bebês mais pesados precisam sustentar mais peso para engatinhar, então demorariam um pouco mais de tempo para desenvolver essa habilidade do que os bebês leves.
E a respeito de andar? Dr. Sears tem um resumo sobre andar cedo x andar tarde que sugere que o tipos de personalidade também está associado a isso[2]. Enquanto bebês que andam cedo parecem ser impulsivos, os que demoram a andar podem ser mais cautelosos e esperar até que tenham dominado a habilidade antes mesmo de tentar usá-la (o que significa que os que andam mais tarde também são menos propensos a ter acidentes). Além disso, a questão do peso também é mencionada pelo Dr. Sears – bebês mais esbeltos tendem a andar mais cedo pela mesma razão.

Nós devemos nos perguntar quais os efeitos dessas expectativas? Para começar, nós temos pais forçando seus bebês a fazer coisas como ficar de bruços, comprando brinquedos para 'ajudar' o bebê a engatinhar (ou andar ou bater palmas), e pais ansiosos tentando forçar esses marcos de desenvolvimento nos seus bebês. Muitos bebês odeiam ficar de bruços, então essa acaba se tornando uma atividade estressante para eles. O mesmo pode ser dito a respeito das diversas maneiras com que os pais tentam forçar suas crianças a cumprir essas habilidades.

Quanto aos brinquedos, eles podem ser divertidos para os bebês, mas nem sempre de uma forma que os fará andar ou engatinhar, e se os pais não deixarem o bebê simplesmente se divertir com o brinquedo, é um outro exemplo de atividade que irá causar estresse. Em um nível mais profundo, temos alguns pais que são eternamente estressados a respeito de seus filhos, ao invés de simplesmente aproveitar o tempo que têm com eles.

Mesmo não tendo sido estudado experimentalmente, eu imagino que um cuidador que está sempre preocupado (ainda que dentro do que decidimos ser o nível 'normal' de preocupação) e pensando que sua criança não está atingindo o esperado, vai passar um pouco desse estresse para a criança, e isso também não deve ser nada saudável. Os bebês absorvem nossos estímulos emocionais muito bem [3] e é bom que nos lembremos disso – nosso estado emocional os afeta da mesma forma que afeta a nós mesmos.

Apesar da grande quantidade de preocupações sobre expectativas físicas, elas infelizmente tendem a ser as menores de nossas preocupações, quando se trata das nossas expectativas sobre bebês. Mesmo que hajam exceções óbvias, muitas pessoas parecem ser capazes de se acalmarem o suficiente a respeito dos marcos de desenvolvimento físicos, sabendo que um dia chegarão lá, mesmo que em cima da hora.

Expectativas de sono
Vou começar dizendo que não há como abordar esse tópico de forma breve, mas espero falar de alguns pontos principais. Em algum lugar do tempo, pais das sociedades ocidentais decidiram que seus bebês deveriam dormir de acordo com os horários dos adultos. Não sei dizer como ou porquê isso aconteceu, mas essa é a nova expectativa para bebês quando o assunto é dormir. Espera-se que aqueles com cinco meses de idade durmam a noite toda, e se não conseguem, bem, aí você tem que fazer alguma coisa a respeito. Essa expectativa levou a uma avalanche de livros sobre treinamento para bebês – como os bebês não vão fazer por si sós naturalmente, precisamos treiná-los. Afinal de contas, é preciso tratar nossos filhos como cachorros, macacos ou animais de circo, você não sabia disso?

Ma falando sério, eu não posso deixar de me perguntar o que as pessoas pensam a respeito dos bebês para fazê-los pensar que deveriam dormir a noite toda. Primeiramente, o estômago do bebê é PEQUENÍSSIMO (do tamanho de uma ervilha, assim que nasce), então faz sentido que eles precisem acordar regularmente para se alimentar. Além da questão do tamanho do estômago, o leite materno humano contém umas das mais baixas taxas de gordura e proteína comparado às demais espécies de mamíferos, logo é esperado que os bebês humanos se alimentem com grande frequência para crescer e se desenvolver adequadamente. Em segundo lugar, um ciclo cicardiano normal do ser humano pode levar cerca de nove meses para se desenvolver (para ler a respeito desse conceito, veja [4]), o que quer dizer que mexer com esse ritmo antes do tempo pode ser prejudicial para o desenvolvimento dos padrões de sono da criança mais tarde.

Fora essas razões muito reais, físicas, para acordar, existem outras para se crer que é muito adaptativo o motivo para crianças muito novinhas acordarem durante a noite. Por exemplo, James McKenna tem uma hipótese (e está pesquisando) a utilidade dessas acordadas noturnas como um mecanismo de defesa contra a morte súbita (SIDS)[5][6]. A hipótese é baseada na premissa de que uma das manifestações da morte súbita é que os bebês entram em um estado do qual não conseguem despertar e o corpo simplesmente "se desliga". As acordadas, então, servem para manter o cérebro acordado (por assim dizer) e manter o bebê vivo (de acordo com essa hipótese).

Somando-se à hipótese de McKenna, é sabido que os recém-nascidos não possuem o mesmo ciclo fisiológico de dormir-acordar que os adultos[7], e assim, tentar forçar esse padrão sobre eles pode ter efeitos em sua reação ao estresse. Como seria isso? Bem, o desenvolvimento de nosso ciclo dormir-acordar, ou ritmo cicardiano, é intrinsecamente ligado ao desenvolvimento de nossos ciclos de cortisol, [4][8] então mexer em um parece também afetar o outro.

O que estamos fazendo ao impor essas expectativas? Bem, esse é um enorme tópico que depende de como lidamos com essas expectativas. O fato de existir uma enormidade de livros sobre treinamento para o sono, sugere que não estamos fazendo um favor aos nossos bebês a respeito do que queremos que eles façam, pois métodos como "deixar chorar" têm mostrado ligação com altos níveis de cortisol no cérebro, o que afeta o desenvolvimento neurológico, levando as crianças a um perfil de resposta neurológica de reação ao estresse (para mais informações, veja[9]).

Como uma resposta menos benéfica, crianças que são deixadas para dormir sozinhas (um dos principais pilares desses livros de treinamento de sono) apresentam maiores tendências para desenvolver ligação com 'objetos de segurança' como bichinhos de pelúcia ou cobertores e usá-los como ajuda para o sono[10].


Isso não é uma coisa ruim por si só, mas as implicações disso são que nossas crianças não estão tendo suas necessidades psicológicas atendidas, e assim procuram conforto de outras formas. Como mãe, eu posso dizer que espero ser capaz de oferecer todo o conforto e segurança psicológica que minha filha precisa enquanto criança (porque todos nós sabemos que eles precisarão aprender a lidar com isso quando crescerem, mas a infância não é a época para se começar a impulsionar isso, mas vamos chegar logo lá). Alinhados com a ideia de que um pai não está atendendo as necessidades psicológicas do seu filho ou filha, esses métodos para dormir podem também contribuir para ligações afetivas inseguras, pois eles recomendam que, para o bebê dormir, você deve ignorar seus chamados aflitos, e falhas constantes em responder aos chamados do bebê afetam negativamente a relação afetiva dos pais com seus bebês[11].

É interessante que existem evidências de um circulo vicioso a respeito desses métodos, pois promovem práticas prejudiciais à ligação afetiva e ligações afetivas insuficientes são um fator importante para causar distúrbios de sono na infância.[12]. Vá entender…

E para mamães que amamentam, os efeitos podem ser particularmente negativos. Manter uma oferta de leite materno demanda que a mãe amamente frequentemente, incluindo o período da noite, e na verdade amamentar à noite indica que essa mãe vai manter a amamentação exclusiva (até os 6 meses) e prolongada (até 2 anos ou mais).[13]. Dados os inúmeros benefícios da amamentação, aquela mãe que tiver sua oferta de leite diminuída devido ao fato de forçar o bebê a dormir períodos maiores durante a noite, pode causar efeitos futuros na saúde global (da criança).
Diferentemente das expectativas físicas, as expectativas de sono não desaparecem simplesmente. A pressão sobre os pais, e às vezes sobre os bebês, para que as crianças se encaixem em padrões irreais é incrivelmente grande e só aumenta conforme a idade. Como um exemplo clássico disso, estive lendo um trabalho acadêmico sobre problemas de sono ao longo do desenvolvimento e havia uma pequena tabela em uma das páginas que mostrava quais os distúrbios do sono em cada idade [14].

O autor, um certo Dr. Carolyn Thiedke, estabeleceu que acordar à noite era considerado uma "desordem" entre 0-4 meses, e que entre 4-8 meses de vida, qualquer acordada noturna, deveria ser tratada "simplesmente ignorando" e nem sequer sugeria que alguma criança poderia acordar após os 8 meses de idade. Quando a família, os amigos e até os médicos dão esse tipo de informação aos pais, o que eles devem fazer a não ser colocar esse fardo pesado sobre seus pequenos, lindos bebezinhos, criando para si mesmos e seus bebês desgosto e dor?

(Continua na parte 2...)
Por Tracy G. Cassels
Tradução: Gabriela de O. M. da Silva
http://www.evolutionaryparenting.com/?p=503 


[1] Markel H. Who says you have to crawl before you walk? Sudden infant death syndrome, crawling, and medical history. In J. Duffin (Ed.) Clio in the Clinic: History in Medical Practice (pp. 146-159). New York: Oxford University Press (2005).
[2] http://www.askdrsears.com/topics/child-rearing-and-development/walking/when-babies-usually-walk (Accessed September 27, 2011)
[3] Schwartz GM, Izard CE, & Ansul SE. The 5-month-old’s ability to discriminate facial expressions of emotion. Infant Behav Dev (1985);  8:65-77.
[4] de Weerth C, Zijl RH, & Buitelaar JK. Development of cortisol circadian rhythm in infancy. Early Human Development (2003); 7:39-52.
[5] Mosko S, Richard C, & McKenna J. Infant arousals during mother-infant bed sharing: Implications for infant sleep and sudden infant death syndrome research. Pediatrics (1997); 100:841-849.
[6] McKenna J, Thoman EB, Anders TF, Sadeh A, Schechtman VL, & Glotzbach SF. Infant-parent co-sleeping in an evolutionary perspective: Implications for understanding infant sleep development and the sudden infant death syndrome. Sleep (1993); 16:263-282.
[7] Carskadon MA & Dement WC. Normal human sleep: An overview. In MH Kryger, T Roth, WC Dement, & T Roehrs (Eds.), Principles and Practice of Sleep Medicine (4th Ed., pp. 13-23). St. Louis: Saunders (2005).
[8] Spangler G. The emergence of adrenocortical circadian function in newborns and infants and its relationship to sleep, feeding and maternal adrenocortical activity. Early Human Development (1991); 25:197-208.
[9] Gunnar MR. Social regulation of stress in early childhood. In K McCartney & D Phillips (Eds.),Blackwell Handbook of Early Childhood Development (pp. 106-125). Malden: Blackwell Publishing (2006).
[10] Hayes MJ, Roberts SM, & Stowe R. Early childhood co-sleeping: Parent-child and parent-infant nighttime interactions. Infant Mental Health Journal (1996); 17: 348-357.
[11] Ainsworth MDS. The development of infant-mother attachment. In BM Caldwell & HN Ricciutti (Eds.), Review of child development research (Volume 3, pp 1-94); Chicago: University of Chicago Press (1973).
[12] Benoit D, Zeanah CH, Boucher C, & Minde KK. Sleep disorders in early childhood: Association with insecure maternal attachment. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry(1992); 31:86-93.
[13] Ball HL, Klingaman KP. Breastfeeding and mother-infant sleep proximity: implications for infant care. In W Trevathan, EO Smith, JJ McKenna (Eds.), Evolutionary medicine, 2nd ed (pp. 226-241). New York: Oxford University Press (2007).
[14] Thiedke CC. Sleep disorders and sleep problems in childhood.  American Family Physician (2001); 63:277-284.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

FEBRE: Amiga ou Inimiga?


FEBRE: Amiga ou Inimiga?


“Dê-me febre, e posso curar todas as doenças” – Hipócrates
Texto de Colleen Huber, www.naturopathyworks.com
(Tradução: Pat Feldman)
Muitos pais consideram a febre por si só perigosa. Alguns pais têm tanto medo, que só da temperatura do seu filho aumentar para 37 graus, eles dão a ele uma substância tóxica ao fígado, como acetaminofeno ou iboprufeno. Pior ainda são alguns pais que dão aspirina aos seus filhos a qualquer sinal de febre, que os expõe a um risco perigoso de desenvolver a doença de Reye, que exige tratamento para o resto da vida (Nota minha: não conheço esta doença, mas vou buscar algum link sobre o assunto).
Como a febre tornou-se uma condição tão perigosa aos nossos olhos, a ponto de colocarmos em risco o bem estar das nossas crianças só para baixá-la? 
Vamos primeiro considerar as funções da febre e como ela funciona. As duas funções da febre são: 
  1. Estimular o sistema imunológico.
  2.  Criar um meio “desagradável” para organismos invasores. Isso significa tornar a temperatura alta o suficiente para que os micróbios invasores não sobrevivam.
Tipicamente, quando qualquer tipo de micróbio invade o corpo, ele é comido vivo pela primeira linha de defesa: macrófagos (os “grandes comedores”). Os macrófagos então recrutam outras células do sistema imunológico e fazem a interleucina um(IL-1). IL-1 é um dos muitos pirógenos endógenos, o que significa que é uma parte do corpo que dá o sinal para que a temperatura seja aumentada.
Como a febre é feita 
IL-1, junto com outros pirógenos e proteínas é lançado na corrente sanguínea e segue para o hipotálamo no cérebro.
O hipotálamo age como um perfeccionista quando diz que a temperatura corporal deve ser exatamente 36,5 graus. Ele também nos diz que nossos hormônios devem ser mantidos em quantidades fixas na nossa corrente sanguínea. Então quando o hipotálamo recebe o sinal da IL-1, ele fica sabendo que a temperatura corporal normal não é mais suficiente para manter o bom andamento do organismo.
Agora nós temos a mais incomum circunstância de vários patógenos invasores, e em momentos extraordinários como este, a temperatura deve se elevar em alguns graus se queremos nos ver livres do mal e manter nosso organismo saudável. Então o hipotálamo produz outra substância química, o PGE-2. O PGE-2 então aumenta a temperatura do corpo até, vamos dizer, 38 graus ou qualquer outra temperatura determinada pelo hipotálamo, suficiente para proteger o corpo do invasor.
Então como o corpo realmente aumenta a temperatura, uma vez que o hipotálamo determinou que isso se faz necessário? 
Se ainda estamos saudáveis e dispostos o suficiente para deixar as coisas chegarem neste ponto, então nossos mecanismos geradores de calor incluem o seguinte:
  • Tremor
  • O hormônio TRH
  • Vasoconstrição
Outro mecanismo que toma parte é a “piloereção” (arrepios), que está associado à supressão do suor. Suor é um mecanismo de resfriamento do corpo, então agora que temos calor sendo gerado, não querermos perdê-lo (o calor). Isto resulta numa fantástica sinergia de mecanismos de auto-cura em nosso organismo – uma verdadeira sinfonia de respostas coordenadas respondem à febre.
Os benefícios da febre 
  • Mais antocorpos – células treinadas para atacar especificamente o tipo exato de invasor que está atrapalhando nosso corpo – a febre aumenta mais a produção dos anticorpos do que qualquer remédio químico.
  • Mais glóbulos brancos (os “bons moços”) são produzidos, circulando, mobilizando e armando para lutar e expulsar os invasores.
  • Mais “interferon” é produzido (outro “bom moço” do sistema imunológico, que bloqueia os vírus de se espalharem pelas células saudáveis).
  • Aumenta a temperatura corporal, o que efetivamente mata micróbios. (A maioria dos vírus e bactérias efetivamente crescem melhor abaixo da temperatura corporal, é por isso que eles gostam dos nossos narizes gelados no inverno). Papais e mamães, não são seus filhos que estão pedindo um anti-térmico para baixar a febre, são os germes!
Tratando a febre de uma forma natural 
O tratamento natural é para manter a febre, a não ser que ela suba muito ou muito rápido. Uma febre de 38,7 C a 39,5 C é considerada uma defesa excelente contra micróbios. Temperaturas como esta também curam o corpo de forma mais efetiva. Manter a febre significa trabalhar pela cura. Por exemplo, um efeito da febre é reduzir o movimento peristáltico, que é o movimento da comida no intestino.
Para manter a febre os médicos naturalistas recomendam consumir alimentos como caldos e água até a febre cessar. A febre também é melhor suportada com descanso. Mesmo quando a criança aparenta sono, o seu organismo está trabalhando a todo vapor, para executar todas as funções descritas acima.
Exercícios e outros tipos de atividades distraem a energia do corpo para este processo de vital importância do sistema imunológico. Os naturopatas olham para a doença enquanto o corpo tenta se curar. Além do mais, é melhor ajudar as defesas do organismo, e não suprimi-las com exercícios ou trabalhos nessas horas.
Os naturopatas comparam o medo dos sintomas de febre com aquele medo que você sente quando vê uma luz diferente acesa no painel do seu carro. A luz diz que tem algo errado, mas apagá-la simplesmente não resolve o problema que a fez acender. Baixar a febre é como apagar a luz do painel sem consertar o problema que a fez acender. O certo é consertar o problema, desta forma a luz automaticamente se apaga. Os pais deveriam se perguntar como eles podem enxergar os sintomas de seus filhos de forma lógica e racional como eles enxergam o problema com a luz do carro: será que nós realmente queremos suprimir os sinais de alerta do nosso organismo?
No caso da febre, o sinal de alerta é muito mais uma ajuda para se defender da doença do que a fonte de doença propriamente dita.
Quando é hora de procurar ajuda de um médico?
  • Bebês com menos de 1 mês de idade e temperatura acima de 38 C. Procure ajuda médica imediatamente se seu filho se encaixa neste quadro. Enquanto espera por atendimento, amamente com leite materno sempre que o bebê quiser. O leite materno tem anticorpos produzidos imediatamente quando a boca do bebê está em contato com o bico do seio, então são produzidos anticorpos específicos para o problema do bebê.
  • Bebês entre 1 e 3 meses de idade com temperatura superior a 38 graus, se eles parecerem dentes. Novamente, amamente em livre demanda enquanto espera o atendimento médico.
  • Crianças entre 3 meses e 3 anos de idade, com temperatura acima de 39 C, se eles parecerem doentes e abatidos.
  • Qualquer pessoa, adulto ou criança, com temperatura acima de 40 C.
  • Para crianças fora das condições descritas acima, descanso (de preferência deitados na cama) e ingestão regular de líquidos controlarão a febre e a deixarão fazer o que tem que ser feito; curar seu filho.
Colleen Huber, 46, é esposa, mãe e estudante do Southwest College of Naturopathic Medicine em Tempe, Arizona (EUA), onde ela está estudando para ser uma médica naturopata. Sua pesquisa original dos mecanismos da enxaqueca foram publicados na Lancet e Headache Quarterly, e foram repostadas no prestigioso The Washington Post.
Sua pesquisa com placebos duplo cego controlado com homeopatia foi publicado no Journal of the American Institute of Homeopathy, European Journal of Classical Homeopathy, and Homeopathy Today. Seu site Naturopathy Works introduz a medicina naturalista aos leigos e mostra vasta referência no assunto.



Aleitamento Materno Solidário:

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Estresse na infância - choro excessivo e cortisol


Estresse na infância - choro excessivo e cortisol

O que causa estresse na infância? Pesquisas de laboratório e psicológicas em bebês animais e humanos mostram que dor, reações de sensibilidade a leites artificiais ou alimentos que passam pelo leite materno, abuso físico e negligência extrema e outros causam estresse.

A separação a curto prazo da mãe ocasiona níveis elevados de cortisol em bebês, indicando estresse.1,2 Na verdade, após um dia inteiro de separação, bebês ratos já mostram alteração da organização química de receptores cerebrais.3 Um estudo similar em ratos revelou que uma dia de separação da mãe duplicou o número de mortes celulares no cérebro.4

Estudos em animais demonstraram que isolamento da mãe, pouco estímulo tático e recusa ou demora em amamentar quando o bebê o pede pode ter consequências bioquímicas permanentes no cérebro. A correlação dessas pesquisas com pesquisas comportamentais em humanos sugere quais eventos que levam ao estresse crônico com consequencias permanentes:
• Permitindo que o bebê chore sem consolo, atenção ou afeição dos pais
• Não amamentando quando o bebê está com fome
• Não oferecendo conforto quando o bebê está perturbado, estressado, angustiado
• Limitando o contato corporal durante mamadas, durante o dia, e durante situações estressantes à noite
• Baixos níveis de atenção, estimulação, conversação e brincadeiras
Quando os fatos acima ocorrem regularmente, pode-se ter liberação precoce crônica de altos níveis de estresse, bem como baixa expressão de hormônios favoráveis.

Todas as práticas que tem sido promovidas durante o século passado na forma de amamentação com horários rígidos, “não mal acostume essa criança”, desmames precoces por uso de mamadeira no início de vida do bebê, e separação física do bebê durante o dia e noite.

Enquanto é evidente que a constituição genética e experiências de vida influenciam o comportamento, tem sido demonstrado que experiências na primeira infância tem os efeitos mais fortes e persistentes na regulação de hormônios, respostas ao estresse e comportamento no adulto.5 Pesquisas mostram que altos níveis de contato físico precoce e resposta maternal constante ao bebê pode até diminuir a predisposição genética para reações extremas ao estresse.6

A pesquisadora de Biologia e Psicologia Megan Gunnar e colaboradores fizeram estudos em bebês que confirmaram os resultados dos estudos em animais. Em seu trabalho, bebês de 4 meses que receberam cuidado sendo regularmente atendidos quando choravam produziram menos cortisol. Também, bebês de 18 meses classificados como tendo apego inseguro (que tinham recebido menor nível de resposta dos cuidadores) revelaram altos níveis de hormônios de estresse.7

Essas mesmas crianças continuaram a mostrar níveis elevados de cortisol com 2 anos e pareciam mais medrosas e tímidas. Novamente, essas crianças são as que foram classificadas como tendo baixos níveis de resposta dos cuidadores.8 Outras investigações confirmaram esses achados.9 Dr. Gunnar reporta que os níves de estresse experimentado na primeira infância moldam permanentemente as respostas ao estresse no cérebro, que então afetam memória, atenção e emoção.10

Cortisol e Estresse

O eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenocortical), a ponte entre orgãos específicos do cérebro e glândulas adrenais, é o regulador chefe de reações de estresse. Enquanto vários hormônios desencadeiam reações de estresse diretamente, frequentemente em conjunção com outros e com alguns desempenhando mais de um papel, o cortisol é provavelmente o mais típico dos hormônios de estresse, o mais estudado. Durante estresse, hormônios são liberados sob controle do eixo HPA para ajudar o corpo a suportá-lo. O cortisol pode elevar a pressão arterial e cardíaca, o açúcar no sangue, e interromper funções digestivas e renais.

As respostas à noradrenalina e ao cortisol são conectadas. Ambos são liberados em reação a excitação, exercícios e estresse, ambos causam aumento do pulso cardiaco, açúcar no sangue e atividade cerebral. Discute-se como aumentos de noradrenalina durante o carinho e brincadeiras podem promover aprendizado em bebês (você talvez se lembre como de vez em quando aprendeu melhor sob estresse e excitação do último minuto de estudo), como também apego (desde que apego também acontece em crianças e adultos quando estão compartilhando atividades excitantes). Entretanto, exposição crônica a estresse "negativo" causa eleveções crônicas de cortisol, ao invés de aumentos que teriam efeitos positivos.

O aumento crônico de cortisol em bebês e os ajustes hormonais e funcionais que ocorrem ao mesmo tempo foram associados com mudanças cerebrais permanentes que levam a respostas elevadas ao estresse durante a vida toda, como pressão arterial e cardíaca alta.11 Essa resposta de aumento começa bem cedo na vida. Até bebês que são regularmente exposto a estresse já demonstram maiores níveis de liberação de cortisol e elevações mais constantes de cortisol em resposta a situações estressantes.12

Elevações ocasionais de cortisol durante o dia podem ser benéficas, mas um nível alto continuo de hormônio de estresse na infância que vem de um ambiente estressante são associados com efeitos negativos permanentes no desenvolvimento cerebral.

Algumas teorias evolucionárias vão além e sugerem que respostas elevadas ao estresse aparententemente levam a comportamentos agressivos e puberdade precoce, que serviriam para um propósito de ajuda a sobrevivência do indivíduo durante tempos duros como guerras.

Estudos mostram que bebês que recebem contato físico frequente tem menores níveis de cortisol,13 enquanto estudos psicológicos de apego revelam maiores níveis em crianças inseguras, desapegadas.14,15 Mulheres que amamentam também produzem menos hormônio do estresse do que mulheres que alimentam seus filhos com mamadeira.16

Resultados do Estresse no bebê

Se não tiver contato regular com o cuidador, o bebê não somente sofre de elevados níveis de hormônios do estresse, mas também recebe menos benefícios de ocitocina e outras influências bioquímicas positivas. O ambiente bioquímico imposto no cérebro de um bebê durante os estágios críticos de desenvolvimento afetam a anatomia e funcionamento do cérebro permanentemente.17 Um ambiente bioquímico ‘pobre’ resulta em habilidades emocionais, comportamentais e intelectuais menos desejáveis para o resto da vida da criança.

Como descrito, um cérebro desenvolvido num ambiente estressante reage exageradamente aos eventos e não controla bem os hormônios do estresse durante a vida, tendo níveis de cortisol e outros hormônios de estresse regularmente elevados. Quando adultos poderão demonstrar comportamento associados com alto risco de infarte e diabetes. Um estudo psiquiatrico mostrou que algumas consequências de má saúde em adultos que receberam maternagem restritiva durante infância– alta pressão arterial e altos níveis de cortisol – lembram bem os de adultos que perderam um pai ou mãe, ou filho.18 Os efeitos, entretanto, vão muito além da pressão arterial e habilidade de lidar com estresse.

O hipocampo, uma estrutura importante para o aprendizado e memória, é o local no cérebro onde desenvolvimento é afetado por estresse e níveis de hormônios do apego.

O nível de hormônios de estresse circulando num bebê afeta o número e tipos de receptores no hipocampo.19 Foi demonstrado que neurônios no hipocampo são destruídos como resultado de estresse crônico e níveis elevados de hormônio do estresse, produzindo déficits intelectuais como consequencia.20 Déficits de memória e aprendizado espacial foram demonstrados em ratos que sofreram de estresse prolongado na infância.21 Do mesmo modo, crianças com os menores níveis de habilidades mentais e motoras foram as que tiveram maiores níveis de cortisol no sangue.22

O desenvolvimento prematuro da puberdade também foi associado com maiores níveis de cortisol e outros indicadores de estresse.23 Esse estudo também mostrou que essas crianças tem mais depressão, mais problemas de comportamento, e menores indices de inteligência. Novamente, os estudos laboratoriais confirmam completamente os estudos de psicologia do apego. Além disso, puberdade precoce aumento o risco de desenvolver câncer.

Em indivíduos que sofrem de desordem de ansiedade, anorexia nervosa e depressão, a produção de cortisol é consistentemente muito alta.24 Secreção demasiada de hormônios do estresse também foram recentemente implicados em obesidade, doença de Alzheimer,25 e sintomas de velhice acelerada. 26 Estudos em animais demontraram sistema imune dos bebês funcionando pior em bebês sujeitos ao estresse de separação prolongada da mãe,27,28 o que coincide com aumento na incidência de doenças mostrados em crianças com menos apego.

Começos

Muita coisa já foi escrita sobre os primeiros momentos após o nascimento do bebê.

O bebê (se não está totalmente intoxicado por drogas usadas no trabalho de parto), recebeu hormônios durante o processo de parto e está super alerto por um curto período de tempo. Durantes esse tempo o ‘imprinting’ inicial acontece. Já familiar com as vozes dos pais, o bebê, que pode distinguir rostos de outros objetos e partes do corpo, olha bastante intensamente para os olhos dos pais, como se registrasse essas imagens para a vida. Ele reconhece o cheiro do liquido amniótico, que é principalmente o seu próprio, mas também de sua mãe. Essa programação importante no início de vida também guia sua boca a procurer e achar método físico de nutrição maternal, então ele é imediatamente atraído para o odor específico dos vasos de amamentação que agora substituem o cordão umbilical.

O recém nascido, que mal consegue manter sua temperatura corporal, encontra conforto e regulação da temperatura ideal em contato com o corpo morno de sua mãe. Conhecendo somente o ambiente seguro do útero de sua mãe, ele se sente confortável contra o corpo morno ou nos braços, e ele chorará alto, desconfortável e ansioso, se deixado em superfície lisa ou fria.

Com essa primeira experimentação de colostro com nutrição concentrada e rico em agentes de imunidade, e ouvindo sons familiares do corpo da mãe (coração batendo e outros), logo cairá no sono- até suas batidas do coração e respiração são regulados pelos ritmos dos de sua mãe. Quando dorme, sua respiração e primeiras mamadas ajudam a estabelecer um flora intestinal saudável, providenciando defesa contra micróbios ao redor.

Embora nem todo bebê tenha iniciado a vida dessa maneira, essa é a primeira chance para apego e a primeira escolha feita que tem a ver com sua saúde. Há uma longa vida à frente para pais e o bebê, e há muitas direções que podem ser tomadas. Enquanto a criança nasce com potencial específico, pela natureza, o estilo de maternagem que recebe (a criação), irá influenciar bastante a possibilidade dessas habilidades naturais virem a serem desenvolvidas, muito para benefício ou perda da criança, família e sociedade.

O apego é importante
Pesquisas sobre os fatores bioquímicos influenciados por métodos de cuidados bebês demonstram que ao cuidar dos filhos respondendo sempre às suas necessidades emocionais o corpo produz substâncias que ajudam a gerar pais amorosos, efetivos e duráveis para o bebê, e bebês que são fortemente apegados aos pais. Conforme o tempo essas ligações amadurecem em amor e respeito.

Sem dúvida essa química organiza permanentemente o cérebro do bebê para comportamentos positivos e desenvolvimento de apegos fortes e duradouros. Entretanto, a maior lição desses estudos é que, enquanto a natureza tem um plano muito bom, a falha ao segui-lo pode guiar em resultados indesejáveis. Em outras palavras, quando os pais instintivamente curtem uma proximidade com seus bebês, amamentando-os em livre demanda, respondendo rapidamente seu choro, seus desejos e necessidades (que são os mesmos num bebê), a natureza se designa a desenvolver adutlos sensíveis e responsáveis.

Não dar atenção ao bebê faz com que mensageiros químicos vitais diminuam rapidamente, e como resultado ligações fracas são formadas e a maternagem se torna mais árdua. Ao mesmo tempo, o bebê manifesta os efeitos do estresse. Ainda mais, reações de estresse e outros comportamentos na criança e adulto que se tornará são permanentemente alterados de maneiras infelizes. Aspectos do intelecto e saúde podem sofrer também.

O sistema hormonal humano inato que recompensa por contato social e físico consistente, próximo e amoroso entre pai e bebê, e as consequências incríveis desse contato íntimo, aliado as pesquisas psicológicas sobre apego, nos dão evidências fortíssimas de que o plano intencionado pela natureza de cuidados com o bebê são de contato contínuo e íntimo.

Uma vez ouvi um pediatra criticar uma mãe sobre o jeito que seu filho pequeno se abraçou nela e pediu-lhe que ficasse em seu colo quando tirava sangue dele: ”Tudo começa no primeiro dia quando você o pega no colo quando ele chora.", disse ele.

Minha única resposta a isso é, "Sim, começa."

Por Linda F. Palmer, D.C.
http://www.babyreference.com/Estresseinfancy.htm
Tradução: Andréia K. Mortesen

Notas de rodapé:
1. M.L. Laudenslager et al., "Total cortisol, free cortisol, and growth hormone associated with brief social separation experiences in young macaques," Dev Psychobiol 28, no. 4 (May 1995): 199–211.
2. P. Rosenfeld et al., "Maternal regulation of the adrenocortical response in preweanling rats," Physiol Behav 50, no. 4 (Oct 1991): 661–71.
3. H.J. van Oers et al., "Maternal deprivation effect on the bebê’s neural estresse markers is reversed by tactile stimulation and feeding but not by suppressing corticosterone," J Neurosci 18, no. 23 (Dec 1, 1998): 10171–9.
4. M.A. Smith of Dupont Merck Research Labs as reported by JohnTravis of Science News 152 (Nov 8, 1997): 298.
5. E.R. de Kloet et al., "Brain–corticosteroid hormone dialogue: slow and persistent," Cell Mol Neurobiol (Netherlands) 16, no. 3 (Jun 1996): 345–56.
6. H. Anisman et al., "Do early-life events permanently alter behavioral and hormonal responses to estresseors?" Int J Dev Neurosci 16, no. 3–4 (Jun–Jul 1998): 149–64.
7. M. Nachmias et al., "Behavioral inhibition and estresse reactivity: the moderating role of attachment security," Child Dev 67, no. 2 (Apr 1996): 508–22.
8. M.R. Gunnar et al., "Estresse reactivity and attachment security," Dev Psychobiol 29, no. 3 (Apr 1996): 191–204.
9. G. Spangler and K.E. Grossmann, "Biobehavioral organization in securely and insecurely attached bebês," Child Dev 64, no. 5 (Oct 1993): 1439–50.
10. M.R. Gunnar, "Quality of care and buffering of neuroendocrine estresse reactions: potential effects on the developing human brain," Prev Med 27, no. 2 (Mar–Apr 1998): 208–11.
11. M.S. Oitzl et al., "Continuous blockade of brain glucocorticoid receptors facilitates spatial learning and memory in rats," Eur J Neurosci (Netherlands) 10, no. 12 (Dec 1998): 3759–66.
12. E.E. Gilles et al., "Abnormal corticosterone regulation in an immature rat model of continuous chronic estresse," Pediatr Neurol 15, no. 2 (Sep 1996): 114–9.
13. D. Liu et al., "Maternal care, hippocampal glucocorticoid receptors, and hypothalamic–pituitary–adrenal responses to estresse," Science (Canada) 277, no. 5332 (Sep 1997): 1659–62.
14. K. Lyons-Ruth, "Attachment relationships among children with aggressive behavior problems: the role of disorganized early attachment patterns," J Consult Clin Psychol 64, no. 1 (Feb 1996): 64–73.
15. L. Hertsgaard et al., "Adrenocortical responses to the strange situation in bebês with disorganized/disoriented attachment relationships," Child Dev 66, no. 4 (Aug 1995): 1100–6.
16. M. Altemus et al., "Suppression of hypothalamic–pituitary–adrenal axis responses to estresse in lactating women," J Clin Endocrinol Metab 80, no. 10 (Oct 1995): 2965–9.
17. C. Caldji et al., "Maternal care during infancy regulates the development of neural systems mediating the expression of fearfulness in the rat," Proc Natl Acad Sci (Canada) 95, no. 9 (Apr 1998): 5335–40.
18. L.J. Luecken, "Childhood attachment and loss experiences affect adult cardiovascular and cortisol function," Psychosom Med 60, no. 6 (Nov–Dec 1998): 765–72.
19. D.M. Vazquez et al., "Regulation of glucocorticoid and mineralcorticoid receptor mRNAs in the hippocampus of the maternal deprived bebê rat," Brain Res 731, no. 1–2 (Aug 1996): 79–90.
20. J. Raber, "Detrimental effects of chronic hypothalamic–pituitary–adrenal axis activation. From obesity to memory deficits," Mol Neurobiol 18, no. 1 (Aug 1998): 1–22.
21. H.J. Krugers et al., "Exposure to chronic psychosocial estresse and corticosterone in the rat: effects on spatial discrimination learning and hippocampal protein kinase Cgamma immunoreactivity," Hippocampus (Netherlands) 7, no. 4 (1997): 427–36.
22. M. Carlson and F. Earls, "Psychological and neuroendocrinological sequelae of early social deprivation in institutionalized children in Romania," Ann N Y Acad Sci 807 (Jan 15, 1997): 419–28.
24. E. Redei et al., "Corticotropin release-inhibiting factor is preprothyrotropin-releasing hormone-(178-199)," Endocrinology 136, no. 8 (Aug 1995): 3557–63.
25. J. Raber, "Detrimental effects of chronic hypothalamic–pituitary–adrenal axis activation. From obesity to memory deficits," Mol Neurobiol 18, no. 1 (Aug 1998): 1–22.
26. M. Deuschle et al., "Effects of major depression, aging and gender upon calculated diurnal free plasma cortisol concentrations: a reevaluation study," (Germany) Estresse 2, no. 4 (Jan 1999): 281–87.
27. C.L. Coe and C.M. Erickson, "Estresse decreases lymphocyte cytolytic activity in the young monkey even after blockade of steroid and opiate hormone receptors," Dev Psychobiol 30, no. 1 (Jan 1997): 1–10.
28. G.R. Lubach et al., "Effects of early rearing environment on immune responses of bebê rhesus monkeys," Brain Behav Immun 9, no. 1 (Mar 1995): 31–46.

Estresse na infância - choro excessivo e cortisol:
https://www.facebook.com/notes/solu%C3%A7%C3%B5es-para-noites-sem-choro/estresse-na-inf%C3%A2ncia-choro-excessivo-e-cortisol/283369621687454

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